Política
Em 05/05/2015 14h00 - De Portal Stylo (Reprodução)
	O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), confirmou para a 
sessão desta terça-feira (5) a votação do projeto que regulamenta a 
Proposta de Emenda à Constituição que ficou conhecida como PEC das 
Domésticas.
	A PEC das Domésticas foi promulgada em 3 de abril de 2013 e garantiu 16
 direitos trabalhistas para a categoria. No entanto, sete dos benefícios
 permaneceram em aberto, à espera da regulamentação: indenização em 
demissões sem justa causa, conta no FGTS, salário-família, adicional 
noturno, auxílio-creche, seguro-desemprego e seguro contra acidente de 
trabalho.
	No último dia 17 de abril, a Câmara concluiu a votação do texto da 
regulamentação mas, como os deputados aprovaram alterações ao texto que 
foi enviado pelo Senado, a matéria terá de ser analisada novamente pelos
 senadores antes de ir à sanção presidencial. O projeto tramita em 
regime de urgência no Senado e deve ser o primeiro item da pauta de 
votações desta terça.
	“Vamos votar hoje [terça] a regulamentação dos últimos direitos da 
empregada doméstica. Nós tivermos avanços nessa área, mas precisamos 
concluir a regulamentação, que foi à Câmara, agora está voltando ao 
Senado e será concluída”, afirmou Renan ao chegar ao Senado.
	Na Câmara, os deputados rejeitaram reduzir a contribuição 
previdenciária dos empregadores de 12% para 8%. Assim, de acordo com o 
texto aprovado pelos deputados, o percentual pago ao INSS continuará 
sendo de 12% sobre o valor do salário do empregado. No caso do 
trabalhador, fica mantida a situação atual em que o percentual varia de 
8% a 11% conforme a faixa salarial.
	Este percentual pode ser alterado pelos senadores. Relatora do projeto 
no Senado, Ana Amélia (PP-RS) alterou em seu parecer a contribuição 
previdenciária para 8%. Ela explicou que a mudança se deve a outras 
alíquotas que deverão ser pagas pelos empregadores, o que oneraria mais 
gastos na contratação de trabalhadores domésticos.
	"O empregador terá responsabilidade, também, de responder por mais 8% 
da contribuição de FGTS, que é um novo direito que os trabalhadores 
domésticos também terão. Então você soma 8% de previdência, 8% de FGTS, e
 nós temos também mais duas categorias de alíquotas de contribuição: uma
 poupança de 3,2% para que empregador deposite na conta do empregado 
como poupança na hora de uma rescisão contratual, que á multa dos 40% 
que hoje o trabalhador tem, e mais 0,8% que é para no caso de um 
acidente de trabalho", enumerou a senadora.
	"Então a soma dessas contribuições chega a 20%. Se eu tivesse acolhido o
 dispositivo da Câmara, este encargo do empregador chegaria a 23% dos 
encargos que ele tem. Então eu penso que nós atenuamos e nós criamos as 
condições reais de aumentar a formalização do trabalho doméstico porque 
hoje 80%, segundo cálculos da categoria, é informal. Com isso nós 
estamos criando um regramento que dá segurança ao empregador e ao 
trabalhador doméstico", disse.
	Na Câmara, os parlamentares aprovaram duas emendas. Uma delas excluiu 
do texto original dispositivo que limitava o seguro desemprego de 
trabalhos domésticos a três parcelas no valor de um salário mínimo cada.
 A intenção de retirar a limitação é igualar a categoria aos demais 
trabalhadores, que recebem de três a cinco parcelas de 
seguro-desemprego, conforme o tempo de serviço contínuo.
	Outra emenda aprovada pelos deputados estipula que, no regime de 
trabalho de 12 horas seguidas, haverá 36 horas seguidas de descanso para
 compensar. Conforme o texto, a remuneração mensal combinada entre 
empregador e empregado, neste caso, já deverá incluir o pagamento do 
descanso semanal e do descanso em feriados.
	Os deputados também mantiveram no texto a remuneração da hora extra 
sendo 50% superior ao valor da hora normal. O pagamento da hora extra 
poderá ser trocado pela compensação em outro dia, mas desde que seja 
dentro dos 3 meses seguintes.
	A relatora do texto no Senado recolocou no projeto a obrigatoriedade da
 folha de ponto para os trabalhadores domésticos, exigência que havia 
sido retirada do texto pelos deputados.
	"Isso é importante porque, em uma rescisão trabalhista, na hora do 
julgador, da Justiça do Trabalho, qual é a prova que terá o empregador 
de que aquele trabalhador tem direito àquilo que está solicitando? E o 
que ele precisa é de uma prova de que naqueles dias tais e tais, [o 
empregado] trabalhou ou não. A assinatura do ponto é esta garantia. 
Mesmo não sendo uma atividade econômica, é preciso ter esta garantia", 
disse Ana Amélia.
	Ao ser indagada sobre um suposto "recuo" dos patrões na contratação de 
empregados domésticos após a aprovação da PEC, em 2013, Ana Amélia disse
 não ver relações entre a diminuição nas contratações com a aprovação do
 texto.
	Para a senadora, o que está "inibindo" os empregadores é a dificuldade 
econômica vivida pelo país e que afeta todo o setor de serviços.
	"O que está inibindo não é propriamente a lei. A lei é uma segurança 
para o trabalhador e para o empregador. Isto é o ponto claro. Segundo 
lugar, o que está levando a uma mudança são dificuldades provocadas por 
uma situação econômica que o país está vivendo, há uma redução do 
consumo, há uma redução dos ganhos, há um aumento do endividamento das 
famílias. E é exatamente nesse planejamento doméstico que está 
acontecendo esta retração.", afirmou
	"Agora, por conta disso, que eu espero e desejo que seja temporário, 
nós não podemos sacrificar a necessidade de regulamentação de uma 
matéria com grande alcance social. [...] Toda a área de serviços está 
sendo afetada por essa questão do endividamento das famílias", concluiu 
Ana Amélia.
                
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