12 de fevereiro de 2015 - De Folha do Bico
Em depoimento sigiloso prestado no dia 15 de outubro passado e tornado público nesta quinta-feira, 12, o doleiro Alberto Youssef afirmou que o então presidente do Instituto de Gestão Previdenciária (IGREPREV) do Estado do Tocantins, Gustavo Furtado Silbernagel, lhe pediu R$ 3 milhões em “comissão” para, em troca, autorizar a compra de debêntures de uma empresa pertencente ao doleiro.
O patrimônio do Igeprev é formado pelas contribuições de cerca de 4 mil servidores públicos do governo do Estado do Tocantins. Silbernagel presidiu o órgão de junho de 2011 a julho de 2012. O governador na época era Siqueira Campos (PSDB-TO).
Após receber o pedido de propina, Youssef afirmou ter entregue R$ 1,5 milhão “em dinheiro vivo” nas mãos do corretor Ari Teixeira de Oliveira Ariza, conhecido como “Louquinho”, que teria sido ex-funcionário da corretora de valores Bônus Banval, investigada no escândalo do mensalão, em 2005.
O dinheiro, segundo o doleiro, tinha como destino Silbernagel, mas Youssef não presenciou a entrega dos valores. Depois do pagamento, segundo o doleiro, o Igeprev comprou R$ 10 milhões em debêntures de um fundo de investimentos, o Fundo Máxima, ligado a uma empresa da qual Youssef era sócio.
O doleiro disse que o pedido de propina ocorreu em 2011, durante uma reunião no seu escritório em São Paulo, da qual participaram ele, Silbernagel e Ariza.
“Gustavo disse que seria possível investir R$ 30 milhões no Fundo Máxima, desde que houvesse uma contrapartida de 10% de comissão, sendo que 5% deveria ser adiantado pelo declarante [Youssef] antes da aplicação no fundo”, afirmou Youssef em depoimento no acordo de delação premiada fechado com a força-tarefa da Operação Lava Jato.
Após o pagamento, contudo, o Igeprev comprou apenas R$ 10 milhões em debêntures, dos R$ 30 milhões previstos. Em 2013, Youssef viajou ao Tocantins para cobrar o restante do compromisso, mas quando lá chegou descobriu que Silbernagel já não era mais o presidente do instituto. O novo presidente, cujo nome ele disse não se lembrar, adquiriu mais R$ 3 milhões dos mesmos papéis mas, segundo o doleiro, não cobrou nenhuma “comissão”.
O Igeprev de Tocantins é alvo de inúmeras denúncias e investigações, incluindo uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e diversos questionamentos das entidades sindicais dos servidores públicos estaduais.
O Ministério da Previdência Social, em parceria com o TCE, encontrou irregularidades em investimentos realizados pelo instituto, que não teria seguido as regras do Conselho Monetário Nacional (CMN). O ministério fechou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o instituto por um prazo de oito anos.
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