Pesquisas mostram que 53% dos leitores acreditam na força das publicações.
Publicação: 19/08/2014 22:04 - O Imparcial
São Paulo - Em um mundo cada vez mais digital, a importância do jornal impresso continua inabalável. É com essa ideia que as principais empresas jornalísticas do país se reuniram ontem no primeiro dia do 10º Congresso Nacional de Jornais, promovido pelo Associação Nacional de Jornais (ANJ), em São Paulo. Mais de 600 representantes da indústria jornalística brasileira debateram rumos para a imprensa nacional, na temática Ruptura, Inovação e Avanço, traduzindo os desafios do impresso na era digital. Em assembleia, a ANJ também reelegeu a atual diretoria para o próximo biênio.
O presidente Carlos Lindenberg Neto (A Gazeta-ES), o vice-presidente secretário Álvaro Augusto Teixeira da Costa (Correio Braziliense) e o vice-presidente financeiro Jaime Câmara Júnior (O Popular-GO) serão empossados hoje.
Na abertura do 10º CBJ, Carlos Lindenberg Neto destacou o momento particular que a indústria jornalística brasileira vive, sobretudo em relação ao mercado anunciante. “Temos uma missão importante na sociedade e na defesa da democracia. É fundamental debatermos meios para inovar e avançar”, disse o presidente da ANJ. Para Jean-Marie Dru, presidente da TBWA, multinacional francesa de publicidade, a sobrevivência das empresas passa pela convergência digital. “A tecnologia abre novas portas. Os jornais, de todos os portes, precisam se aproveitar das novas tecnologias para obterem vantagens competitivas”, destacou.
Jean-Marie Dru apresentou exemplos de inovação tecnológica desenvolvidas em parceira com grandes empresas mundiais. Para o publicitário, é fundamental que os jornais apostem sem medo em novas plataformas - sem deixar de lado a qualidade jornalística. “Os jornais brasileiros têm conteúdo fantástico para compartilhar com seus leitores, mas é fundamental romper com modelos antigos e inovar. É a inovação que leva ao progresso”, defendeu o francês. “O jornal impresso é central, mas o vídeo é o futuro. Isso não significa que o papel vai acabar, mas que devemos estar ao mesmo tempo no digital e no impresso.”
Apesar de a comunicação estar cada vez mais digital, a força do jornal papel ainda é grande. Pesquisas da entidade mostram que 53% dos leitores confiam no impresso e 57% acessam notícias pela internet utilizando portais dos jornais, em um universo superior a 32 milhões de pessoas. “Ou a gente trabalha na valorização do nosso produto, ou vai acabar com ele. Temos que entender o que temos na mão”, afirmou Eduardo Smith, vice-presidente do grupo RBS e diretor do comitê de mercado anunciante da ANJ.
É com a mentalidade de reafirmar a importância do impresso que os 129 jornais associados à ANJ se uniram para buscar soluções junto do mercado publicitário. Nos próximos meses, serão lançadas novas ferramentas de medição de audiência e de comunicação com os anunciantes. “Não nos consideramos meros artífices de um produto de papel, mas servidores da notícia. Queremos ressignificar o termo jornal. Jornal não é só papel. É informação de qualidade, sua marca, sua história, seu relacionamento com a sociedade”, destacou Ana Amélia Filizola, diretora do grupo GRPCOM (PR).
Mercado
Os benefícios e limites para a publicação de conteúdos patrocinados também foram discutidos no congresso. Ebele Wybenga, jornalista holandês autor do livro The Editorial Age, destacou a restrição crescente dos leitores aos anúncios tradicionais. “Pesquisas comprovam que o leitor prefere o conteúdo patrocinado à propaganda tradicional. O desafio é fazer conteúdo patrocinado com qualidade jornalística”, defendeu, citando exemplos como os jornais The New York Times, The Guardian e The Economist. De acordo com Wybenga, “a guerra entre jornalismo e publicidade está diminuindo”.
Nos Estados Unidos, o mercado do conteúdo patrocinado em jornais movimenta cerca de US$ 1,9 bilhão por ano. No Brasil, no entanto, a discussão ainda é recente. “Este tema me assusta um pouco”, confessou Sérgio Dávila, editor executivo da Folha de S. Paulo. "É fundamental que todos os players tenham preparo necessário para separar jornalismo e publicidade", disse. Para Sergio Gordilho, diretor-geral de criação da agência África, no entanto, esta é uma fonte de receitas que os jornais brasileiros não podem ignorar. "O que as marcas mais querem é atrair a atenção do consumidor. É um caminho sem volta."
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