31 julho 2013

Sindicatos reclamam de falta de transparência na gestão de investimentos do Igeprev e vão se reunir com Ministério para expor problemas do órgão


30/07/13 17h2530/07/13 17h43

Está agendada para o dia 13 de agosto a reunião das entidades em Brasília

Patrícia Saturno
Da Redação

Doze entidades representantes de categorias de servidores públicos tocantinenses se reuniram nesta tarde, em Palmas, para discutir questões relacionadas ao Fundo de Previdência do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Tocantins (Igeprev). A reunião foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet) que encaminhou ao Ministério da Previdência Social (MPS), no dia 18 de junho, um ofício solicitando abertura de processo administrativo para apurar possíveis irregularidades na alocação e aplicação de recursos do Fundo. Nesta segunda-feira, 29, a entidade chegou a afirmar que as supostas irregularidades podem ter levado a um “rombo profundo nas contas do Fundo”.

Nesta tarde, os sindicalistas debateram o assunto e destacaram a preocupação com o futuro das aposentadorias dos servidores do Estado. Segundo o presidente do Sintet, José Roque Santiago, as entidades estão “unificando a luta” para fazer a defesa do instituto uma vez que, segundo ele, o governo não tem interesse em fazê-la. “Amanhã, somos nós, servidores, que vamos precisar utilizar do instituto. Nós temos que defende-lo”, disse.

Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos no Estado do Tocantins (Sisepe), Cleiton Pinheiro, é grande a preocupação das entidades com a falta de transparência com que o Igeprev trabalha os investimentos que faz com os recursos dos servidores do Estado e são constantes, segundo afirmou, as reclamações e denúncias contra o órgão.

Ele alega que apesar de os servidores públicos terem um representante junto ao Conselho de Administração do instituto, as entidades enfrentam dificuldades em conseguir as informações que são solicitadas.

Além de mais transparência, Pinheiro afirma que querem que o Igeprev se atenha a fazer investimentos em “operadoras idôneas e que não estejam com nenhum tipo de processo junto ao Banco Central”. Segundo ele, atualmente é possível verificar investimentos do instituto até em bancos envolvidos em escândalos nacionais. “Nós não estamos em um estado de falência para justificar investimentos sem critério, apenas visando a maior margem de lucro. É melhor investir em fundos com margem menor, mas que tenham garantia. Nós não sabemos o por que desses investimentos”, alertou.

José Roque, por sua vez, defende que a administração do órgão precisa deixar de ser feita pelo viés político e que o Estado deve se voltar para uma política previdenciária clara, permitindo que os servidores possam fazer o acompanhamento.

Auditoria

Segundo José Roque, está agendada para o dia 13 de agosto uma reunião no Ministério da Previdência Social, onde serão apresentados, segundo ele, os problemas do órgão. Cleiton Pinheiro, por sua vez, apontou que as entidades devem pedir auditoria do Ministério no órgão tocantinense.

Questionado também na Assembleia

Os questionamentos sobre a atuação do instituto já chegaram até a Assembleia Legislativa, onde o deputado estadual Sargento Aragão (PPS) pediu a convocação do presidente do Instituto, Rogério Villas Boas, para prestar esclarecimentos. A convocação foi motivada pela liquidação extrajudical da empresa Diferencial Corretora de Títulos e Valores Mobiliário S/A, uma das gestoras do Instituto. “Aguardamos ele [Rogério] vir espontaneamente na Assembleia. Aguardamos mais de sessenta dias. Agora ele será convocado”, disse Aragão em junho.

Conforme o requerimento, a empresa Diferencial Corretora, administrava cerca de R$ 150 milhões do Fundo Previdenciário. Recentemente, um montante na ordem de 5% do saldo estimado de 25% do fundo sofreu uma liquidação extrajudicial por parte do Banco Central.

Segundo Aragão, “o fato traz detalhes preocupantes, quando traz à tona os motivos da liquidação”: “A empresa se valeu de sua condição de instituição autorizada a operar no Sistema Financeiro Nacional, para fazer operações com preços fora do padrão de mercado, em benefício próprio e de terceiros, apresentando comprometimento patrimonial”, afirmou.

Outro requerimento apresentado por Aragão pede também que seja encaminhado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), um pedido de informações referentes às aplicações financeiras realizadas pelo Igeprev, no exercício dos anos de 2011 e 2012, até a presente data. Na ocasião, Aragão defendeu que o pedido de informações “é a melhor forma para elucidar dúvidas, que muitas vezes paira pelo segmento público”. “A recente liquidação da empresa que administra o Igeprev [Diferencial Corretora] deixou várias dúvidas e muitos questionamentos a serem feitos”, afirmou.

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