07 dezembro 2014

Número de usuários de crack chega a 10.000 na região metropolitana de São Luís

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Os centros de tratamento registram um aumento na busca pela cura. Preconceito e o tráfico ainda dificultam a redução de casos

Publicação: 07/12/2014 08:17 Atualização: 07/12/2014 08:31 - De O Imparcial

 
Número de viciados em crack na Região Metropolitana de São Luís já chega a 10.000 usuários, é o que afirma o Diretor do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS), Marcelo Costa. Os dados têm como base os atendimentos feitos pelo CAPS, que já realizou só este ano, mais de 7.000 acompanhamentos de pessoas que buscam o centro ou são levados pelos familiares para realizar o tratamento.
 
São Luís e outros municípios adjacentes apresentam cada vez mais pontos de consumo de crack, as chamadas cracolândias, que são frequentadas principalmente por moradores de rua.  “A gente vê uma disseminação não só na capital, mas em todo o Maranhão. É preocupante como o crack tem conseguido entrar nessas cidades e aumentar cada vez mais o número de viciados. No caso de São Luís, em cerca de um ano, aumentou significativamente os números de pontos de consumo. Hoje, existem cracolândias nos bairros da Mauro Fecury, da Cohafuma, João Paulo, Forquilha, Centro, Cidade Operária, entre outros bairros”. 

Para o diretor do centro a maior dificuldade no combate às cracolândias na capital tem sido o tráfico de drogas, a falta de apoio das famílias dos viciados e o preconceito da sociedade perante os usuários da droga. “A maior dificuldade no combate ao crack se dá principalmente por causa do tráfico de drogas. Eu acho que você apenas tratar o usuário e devolvê-lo para a sociedade, mas não eliminar os pontos onde ele pode ter contato com a droga, não vai resolver o problema, porque facilmente eles terão contato com o crack e isso vai dificultar o processo de tratamento deles. Outro problema grave é a questão da própria família. Muitos usuários que chegam ao CAPS com a família são abandonados por elas, que se negam a participar do processo para livrá-lo da droga. Isso se dá principalmente pelo estigma que os viciados em crack ainda possuem na sociedade. Eles precisam ser inseridos novamente no meio social e não excluídos”, declarou. 


Quem também confirma o aumento no número das cracolândias na ilha é o delegado Joviano Furtado, responsável pela Supervisão da Área Integrada de Segurança Pública Oeste, órgão ligado à Polícia Civil. Para o especialista, mesmo havendo uma aparente diminuição no número de viciados que freqüenta alguns pontos já conhecidos, como na região do Centro Histórico e próximo a feira do João Paulo, os pontos de consumo de crack estão mais espalhados e distantes do centro da cidade. “Realmente há um aumento no número de pontos de consumo de crack na cidade, não só porque mais pessoas estão usando a droga, mas porque este consumo tem sido feito em locais mais dispersos. Antes você via eles sempre nos mesmo locais, mas agora eles circulam por outras áreas”, afirmou.   

Para Joviano os pontos mais críticos são próximos ao retorno da Forquilha e o retorno que dá acesso ao bairro da Cidade Operária, na Avenida Guajajaras, onde os usuários podem conseguir dinheiro e consumir a droga. “Atualmente com base nos levantamentos que nós fazemos, posso afirmar que um dos pontos mais críticos da capital tem sido o retorno da Forquilha e o da Cidade Operária. Lá houve um aumento significativo de pessoas que consome o crack já que muitas tentam ganhar dinheiro nestes locais e já conseguem ter acesso à droga, fazendo com que os locais se tornem cada vez mais frequentado por usuários e traficantes”, declarou. 

Convivência difícil
Moradores e pessoas que trabalham próximos aos locais onde o crack é consumido reclamam da falta de segurança e dos constantes assaltos e crimes cometidos pelos usuários. Maria Domingas Mendes é moradora do município de São José de Ribamar e vem para São Luís comprar sorvete no Centro Histórico, próximo ao Convento das Mercês, local onde funciona uma cracolândia e afirma se sentir insegura quando passa pelo local. “Eu venho quase toda semana aqui e fico com muito medo de passar por aqui, porque já aconteceu de uma amiga minha que também vinha comprar sorvete, ser assaltada por usuários de crack”, afirmou. 

Já para Marcos Silva, que trabalha como vigilante em um prédio próximo ao local, o problema é o aumento do número de viciados. “Agora quase não tem ninguém aí, mas às vezes enche de usuários e eles as vezes mexem com as pessoas. Já vi gente ser assaltada. E a partir das três horas da tarde, quase ninguém sai de casa por medo”, explicou. Enquanto dava entrevista à equipe de reportagem, dois garotos que aparentavam ser menores passam e perguntam se Marcos tinha cigarro, incomodado, ele fala que não. “Olha aí, eles sempre pedindo. A polícia sempre vem aqui, traz médicos e tudo, leva eles para um abrigo, mas eles sempre voltam. Eles podem até sair por um tempo, mas sempre voltam para cá”, declarou.  


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