17/05/2014
Ilustrações: Web
As
práticas não se modernizaram, continuam as mesmas. O coronelismo do século 21,
presente nas escolas do estado do Tocantins, utiliza-se do clientelismo e do
mandonismo para reforçar que o velho dilema do início da República não é coisa
do passado, está cada vez mais vivo.
Na Escola Estadual Bela Vista, os “ismos” são
responsáveis pelo decréscimo da cidadania política, afrontam o estado
democrático de direito, ferem a constituição, cerceiam a liberdade de expressão
e são recheados de práticas malignas como: filhotismo, autoritarismo, apadrinhamento e perseguição.
O coronelismo - que tem raízes históricas - é um esquema maléfico que emperra e prejudica o andamento da coisa pública. Numa escola, que tem o papel de ensinar, de promover o desenvolvimento do cidadão, no sentido pleno da palavra, aguçar a visão crítica dos alunos, a presença nefasta do clientelismo anula a possibilidade de alcance da cidadania
.
Mas
desde quando os coronéis estão preocupados com aprendizagem e com cidadania?
Eles precisam mesmo é de votos, troca de favores políticos, fazendo inclusive
das escolas seus "currais eleitorais". Desse modo, conseguem controlar os serviços
públicos, distribuir contratos de trabalho, inclusive para os filhos, nomear diretores
de escolas, e muito mais.
Na EEBV, presenciamos tudo isso, bem de perto e ficamos reféns de um esquema que perverte a esfera pública. Como disse antes, uma das características desse esquema é a perseguição, portanto, quem se manifesta contra ele, sofre as consequências. E a opressão do coronelismo dentro da escola vem em dose tripla, porque os capatazes que dão sustentação aos “ismos” em troca de proteção estão sempre à espreita para criar situações conflitantes, porque prevalece o velho ditado da República oligárquica, “para os amigos tudo, para os inimigos a lei”.
No regime coronelista a lei só serve para punir os inimigos, não serve para garantir a legalidade. A Constituição de 1988, por exemplo, diz que para ingressar no serviço público é necessária a aprovação em concurso. A Constituição parecia ter resolvido o sistema de favor e tutela no acesso ao emprego público em nosso país. Porém, quase 26 anos depois de promulgada a Carta Magna, ainda somos obrigados a suportar, mesmo a contragosto o filhotismo prevalecendo nas decisões que implicam diretamente em nosso trabalho, na nossa vida. É por isso que perdemos a motivação para trabalhar. As decisões são impostas, não há trabalho em equipe, não há participação, perdemos o gosto pela profissão. Até quando, nós servidores, vamos ficar submissos ao clientelismo presente na escola?
Silvanete Gomes, Professora
da Rede Pública de Ensino do Tocantins.
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